terça-feira, 16 de junho de 2009

" Acabou!

Já superei muito mais do que isso, tenha certeza! Não irei desmoronar agora, depois de tudo que eu já consegui cicatrizar. Você não vai conseguir me usar como se fosse algo descartável. Depois de você, voltei ao meu nível mais elevado, e não me permito sofrer por quem não merece. Não me permito sofrer - novamente - por você. Tenho que renovar todos os dias minha certeza de que não mereci, nunca na minha vida, todas as lágrimas que você conseguiu me fazer derramar. Derramaram-se também as esperanças. Não as minhas, pois o pouco que sobrou em mim, não pode ser contado como tal, mas as suas, de novamente me ferir. Não irás conseguir!"


E ela escrevia com a esperança de, quem sabe, mandar para ele...

Mas apagou.

Pegou outra folha colorida de seu fichário e, tornou a escrever.

Nada era doloroso o suficiente, árduo bastante. Queria que ao ler aquela carta, os olhos dele queimassem de vergonha, queimasse tanto quanto pimenta jogada aos olhos. Pois era esse o efeito, para ela, de algumas lembranças. Um fogo queimando em brasa, uma vontade de voltar tudo e, não deixar que ele fizesse nada do que fez.

Sentia-se uma idiota por sentir aquilo. Sentia-se presa a um passado, um homem, uma história. Desejava mais que tudo, libertar-se de todo aquele sentimento que a atormentava. E naquelas folhas, ela já sentia o cheiro sutíl de liberdade. A cada letra que era escrita, despejavatodo seu ódio e angústia, tornando aquela carta todo o desabafo nunca feito.


Mas apagou.

Pegou outra folha colorida do seu fichário e, tornou a escrever.

Mas apagou.

Mas apagou.

Mas apagou.


Eram todas inúteis, pobres, fracas. As folhas acabaram...

O sentimento continuava alí.